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Número de MEIs que ultrapassam limite de faturamento cresce 30 vezes

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Número de MEIs que ultrapassam limite de faturamento cresce 30 vezes

Levantamento mostra que mais de 570 mil MEIs foram desenquadrados da categoria em 2024 por excederem o limite de receita bruta permitido

mei-microempreendedor Número de MEIs que ultrapassam limite de faturamento cresce 30 vezes

O número de microempreendedores individuais (MEIs) que extrapolaram o limite permitido de faturamento, no ano passado, aumentou quase 30 vezes em relação a 2023, de acordo com dados da Receita Federal reunidos pela empresa de contabilidade Contabilizei.

O levantamento mostra que mais de 570 mil MEIs foram desenquadrados da categoria em 2024 por excederem o limite de receita bruta permitido, que atualmente é de R$ 81 mil ao ano.

Como funciona o MEI

Criado em 2006, o Simples Nacional é um regime de tributação simplificado e exclusivo para micro e pequenas empresas, que reúne vários impostos em um único tributo. De acordo com dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mais de 90% dos 11,5 milhões de MEIs registrados no país estão em atividade – esse percentual era de 77% em 2022 e 72% em 2019.

Atualmente, o limite de faturamento do MEI é de R$ 81 mil por ano (o que significa um teto mensal de R$ 6.750). No caso das microempresas (MEs), o teto é de R$ 360 mil anuais e, para empresas de pequeno porte, de R$ 4,8 milhões. O limite anual do MEI não é reajustado desde 2018.

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O MEI, hoje, contribui com 5% sobre o salário mínimo, que é de R$ 1.518 desde o dia 1º de janeiro, e assim garante benefícios previdenciários como auxílio-doença, pensão por morte e aposentadoria.

A contribuição mensal do MEI, atualmente, varia entre R$ 76,90 e R$ 81,90, já incluídos impostos específicos conforme o tipo de atividade. Há, ainda, o MEI Caminhoneiro, que contribui com 12% do salário mínimo e paga entre R$ 182,16 e R$ 188,16 por mês, dependendo do produto transportado e do local de destino.

Nos casos em que o faturamento excede o limite anual em até 20%, o microempreendedor precisa pagar um imposto complementar, além de efetuar o desenquadramento da categoria no ano seguinte.

Se o MEI ultrapassar o limite acima de 20%, o desenquadramento é imediato e retroativo ao início do ano fiscal, exceto para empresas abertas no mesmo ano – que devem se ajustar com base na data de abertura.

MEI em alta

Apesar do aumento dos microempreendedores desenquadrados da categoria, a quantidade de MEIs segue em alta no país.

Apenas nos três primeiros meses deste ano, mais de 1,4 milhão de empresas foram abertas, das quais 77% eram microempresas individuais.

Os números representam um crescimento de 37% em relação ao mesmo período de 2024.

O que pode mudar para o MEI

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Neste momento, há uma série de propostas em tramitação no Legislativo que tratam do faturamento do MEI. A mais avançada é o Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 108, de 2021, apresentado pelo senador Jayme Campos (União Brasil-MT) e já aprovado pelo Senado.

O texto determina que o limite anual de faturamento do MEI passe dos atuais R$ 81 mil para R$ 130 mil. No caso das microempresas (MEs), o teto subiria de R$ 360 mil para R$ 864,4 mil. O projeto também permite que o MEI contrate até dois empregados, “desde que eles recebam, cada um, exclusivamente a quantia equivalente a um salário-mínimo ou ao piso salarial da categoria profissional” – atualmente, o MEI só pode ter um funcionário.


Em agosto de 2022, a proposta recebeu o aval da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e, em tese, desde então está pronta para ser votada no plenário da Casa.

Há outros projetos que preveem modificações no MEI, como o PLP 261/2023, de autoria do senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR), que estipula um reajuste automático do limite de faturamento a partir do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país. O texto está parado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

PLP 24/2024, de autoria do senador Alan Rick (União Brasil-AC), também determina a correção anual pelo IPCA e fala em um “teto intermediário” de faturamento de R$ 120 mil por ano. A proposta está para ser pautada na CAE.

Apesar do apelo popular das propostas, o Metrópoles apurou que os projetos são vistos com preocupação pela própria equipe econômica do governo, que jamais os encampou. Segundo economistas, a medida poderia representar uma ameaça às contas públicas em um momento de necessidade de aperto fiscal, se transformando em uma “pauta-bomba” no Congresso.

Crédito site Metrópoles.

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Ango Silva, nascido no brasil em 1978, é um jornalista com uma carreira consolidada, marcada pela profundidade na cobertura de temas políticos e econômicos. Sua trajetória profissional teve início em 1999 na Rádio JB FM, onde atuou até 2010. Ao longo de sua carreira, Ango Silva destacou-se como correspondente internacional, cobrindo eventos de grande relevância,Sua dedicação e excelência foram reconhecidas com o Prêmio Maboque de Jornalismo, concedido duas vezes, e uma menção honrosa no Prêmio Kianda, na categoria de jornalismo econômico. Com uma formação que inclui um curso intensivo de jornalismo na Solidarity School of the Union of German Journalists em Berlim (1994), um estágio profissional na Deutch Welle em Colônia (1990) e cursos de técnicas jornalísticas com o BBC Training Center em Londres,