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MEIs respondem por deficit futuro de R$ 711 bi na Previdência

A criação do Microempreendedor Individual (MEI) há 16 anos

MEIs respondem por deficit futuro de R$ 711 bi na Previdência

Expansão acelerada e baixa contribuição geram desequilíbrio atuarial de longo prazo, segundo estudo da FGV

O regime previdenciário brasileiro acumulará um deficit atuarial de R$ 711 bilhões em valores presentes nas próximas décadas por conta dos Microempreendedores Individuais (MEIs), segundo o economista Rogério Nagamine, em estudo publicado no sábado (12.jun.2025) pelo Observatório de Política Fiscal da FGV (Fundação Getulio Vargas). Eis a íntegra (PDF – 6 MB)


Criado em 2008 para incentivar a formalização de trabalhadores por conta própria, o MEI cresceu de forma acelerada. O número de inscritos saltou de 44 mil, em 2009, para mais de 16 milhões no fim de 2024. No entanto, o modelo atual, com contribuição previdenciária de apenas 5% do salário mínimo, é considerado insustentável do ponto de vista atuarial.

 MEIs respondem por deficit futuro de R$ 711 bi na Previdência
O número de inscritos no MEI saltou de 44 mil, em 2009, para mais de 16 milhões no fim de 2024…

Segundo as simulações realizadas, o MEI gerará receita de R$ 87,5 bilhões ao longo de 70 anos, mas provocará uma despesa de quase R$ 800 bilhões, resultando no deficit mencionado. Em um cenário com ganho real de 1% ao ano no salário mínimo, o rombo sobe para R$ 974 bilhões.

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Ministério do Trabalho e Previdência

O estudo alerta para diversos problemas associados ao modelo atual. Entre eles, a baixa focalização — mais de 80% dos MEIs estão entre os 50% mais ricos da população — e o uso do regime por trabalhadores com perfil semelhante ao de celetistas. Além disso, houve migração significativa de contribuintes de outros regimes, sem ganhos estruturais de cobertura previdenciária.


A pesquisa também aponta que 2 a cada 3 trabalhadores por conta própria ainda não contribuem com a Previdência, mesmo com a expansão do MEI. O autor defende uma revisão urgente na política pública, que hoje representa um risco adicional à sustentabilidade do Regime Geral da Previdência Social.

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Ango Silva, nascido no brasil em 1978, é um jornalista com uma carreira consolidada, marcada pela profundidade na cobertura de temas políticos e econômicos. Sua trajetória profissional teve início em 1999 na Rádio JB FM, onde atuou até 2010. Ao longo de sua carreira, Ango Silva destacou-se como correspondente internacional, cobrindo eventos de grande relevância,Sua dedicação e excelência foram reconhecidas com o Prêmio Maboque de Jornalismo, concedido duas vezes, e uma menção honrosa no Prêmio Kianda, na categoria de jornalismo econômico. Com uma formação que inclui um curso intensivo de jornalismo na Solidarity School of the Union of German Journalists em Berlim (1994), um estágio profissional na Deutch Welle em Colônia (1990) e cursos de técnicas jornalísticas com o BBC Training Center em Londres,