Avançam conversas para acordo entre Master e BRB
O “perímetro” da operação — ou seja, quais ativos ficarão dentro do acordo — está praticamente definido, segundo uma fonte a par das conversas
As negociações para a compra de parte do Banco Master pelo Banco de BrasíliaCotação de Banco de Brasília (BRB) avançaram e podem ter um desfecho nas próximas semanas, apurou o Valor. O “perímetro” da operação – ou seja, quais ativos ficarão dentro do acordo – está praticamente definido, segundo uma fonte a par das conversas.
De acordo com esse interlocutor, o desenho é semelhante ao que foi anunciado em março em relação aos ativos e passivos que interessam ao BRB. No entanto, o tamanho da aquisição terá ajustes.
O BRB anunciou, na ocasião, acordo para adquirir 58% do capital total do Master, banco de Daniel Vorcaro. A instituição financeira do Distrito Federal ficaria com 49% das ações ordinárias, e Vorcaro, com o restante. O desenho deixava de fora ativos menos líquidos que o grupo do Master detém, como precatórios, e também não incluía o banco Voiter (antigo Indusval), o Banco Master de Investimento e a seguradora Kovr.
O formato inicial deixava de fora do acordo cerca R$ 23 bilhões em ativos. À medida que a diligência feita pelo BRB foi avançando, a parcela excluída já somava pelo menos R$ 33 bilhões.
Como condição precedente, segundo outra fonte, devem ocorrer nos próximos dias a formalização de mais um aumento de capital no Master, a ser integralizado por Vorcaro, e também a segregação do Voiter.
A operação está sob análise das autoridades. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou o negócio em junho, como esperado, já que a combinação não resulta em concentração de mercado. Falta o sinal verde do Banco Central (BC), que ainda avalia o caso.
Nos últimos dias, representantes do Master e do BRB tiveram uma série de conversas no órgão regulador. Ontem, Os diretores de fiscalização do BC, Ailton de Aquino Santos, e de organização do sistema financeiro e resolução, Renato Gomes, receberam o presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, e Vorcaro, do Master.
Devem ocorrer nos próximos dias a formalização de mais um aumento de capital no Master por Vorcaro e a segregação do Voiter
No sábado, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, Aquino Santos e o diretor de regulação, Gilneu Vivan, estiveram com Vorcaro e com o CEO do Master, Augusto Ferreira Lima. Na segunda-feira, a diretoria do BC teve reunião com Costa, do BRB, e Dario Oswaldo Garcia Junior, diretor-executivo de finanças e controladoria do banco do DF.
Em audiência pública neste mês na Câmara dos Deputados, Galípolo afirmou que os dois bancos estavam discutindo o perímetro da operação e que, depois disso, o BC faria uma análise da viabilidade.
A compra do Master tem sido acompanhada de perto pelo mercado dado o crescimento vertiginoso que o banco teve apoiado em captações de pessoas físicas cobertas pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Como parte significativa dos ativos do Master é de difícil realização, uma eventual quebra do banco é motivo de preocupação no setor.
Em maio, o Master tomou um empréstimo emergencial de R$ 4 bilhões no FGC, que o ajudará a honrar seus compromissos neste ano enquanto não se chega a uma solução definitiva. No mesmo mês, o BTGCotação de BTG Pactual anunciou acordo para adquirir R$ 1,5 bilhão em ativos de Vorcaro, incluindo participações acionárias em empresas como LightCotação de Light, Méliuz e Grupo Pão de AçúcarCotação de Grupo Pão de Açúcar, direitos creditórios e o prédio que abriga o hotel Fasano do Itaim, em São Paulo, entre outros.
O BTG tentou costurar uma solução mais ampla para o Master com outros grandes bancos privados, mas eles não quiseram.
Procurados, BRB e Master não se pronunciaram. O BC não comentou o assunto.
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