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Líder, principal articulador, maior beneficiário dos atos: o que disse a PGR sobre Bolsonaro

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Líder, principal articulador, maior beneficiário dos atos: o que disse a PGR sobre Bolsonaro

PGR pediu a condenação de Bolsonaro e outros sete réus por participação na tentativa de golpe de Estado em 2022. Veja o que diz o documento sobre o ex-presidente.

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📄Das 517 páginas de conclusões sobre uma das ações penais, 137 foram dedicadas às ações do ex-presidente. crédito: site g1.globo.com

🔎 O envio das alegações finais da PGR e dos réus marca a conclusão da fase de instrução do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). Após esta etapa, o caso será analisado pelos ministros da Corte, que irão julgar se os réus devem ser condenados ou absolvidos.

g1 reuniu as principais declarações da PGR sobre a atuação de Bolsonaro. Veja:

Líder de organização criminosa

1 de 1 Bolsonaro acompanha o interrogatório de Mauro Cid no STF — Foto: Ton Molina/STF

Bolsonaro acompanha o interrogatório de Mauro Cid no STF — Foto: Ton Molina/STF

No documento, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirma que o ex-presidente “figura como líder” da organização criminosa golpista — é o “principal articulador, maior beneficiário e autor dos mais graves atos executórios voltados à ruptura do Estado democrático de Direito”.

“No exercício do cargo mais elevado da República, instrumentalizou o aparato estatal e operou, de forma dolosa, esquema persistente de ataque às instituições públicas e ao processo sucessório”, afirma Paulo Gonet.

⛓️‍💥Segundo o procurador-geral, Bolsonaro contou com o apoio de integrantes do alto escalão do governo e de setores “estratégicos” das Forças Armadas para mobilizar de forma sistemática “agentes, recursos e competências estatais, à revelia do interesse público, para propagar narrativas inverídicas, provocar a instabilidade social e defender medidas autoritárias“.

“A sua atuação, pautada pela afronta à legalidade constitucional e pela erosão dos pilares republicanos, teve por objetivo último sua continuação ilegítima no comando do país e o enfraquecimento das instâncias públicas, em negação do princípio da alternância democrática, da soberania popular e do equilíbrio entre os Poderes”, completou Gonet.

Incitação e desestabilização da democracia

A PGR pontua que os ataques de Bolsonaro a autoridades, na condição de presidente, não eram “meras críticas ou desabafos”.

Gonet declarou que um chefe de Estado tem “capacidade singular” de influenciar a opinião pública. Assim, suas falas “transcendem o campo da crítica legítima” e passam a ter o “caráter de incitação e desestabilização da democracia”, pondera.

Ataques às urnas

A PGR afirma que documentos apreendidos pelos investigadores da Polícia Federal revelam que o grupo criminoso liderado por Bolsonaro “planejou a propagação coordenada de ataques ao sistema eletrônico de votação”.

“Foi fixada, por escrito, a diretriz de repetição contínua da narrativa de vulnerabilidade das urnas eletrônicas, como forma de deflagrar movimentos de rebeldia contra os resultados desfavoráveis ao grupo”, reitera o procurador.

Uso da máquina pública

📢A PGR salientou que Bolsonaro usou a máquina pública para disseminar dúvidas contra o sistema eleitoral.

“Os ataques promovidos por Jair Bolsonaro não se restringiram à utilização isolada de canais pessoais. Ao revés, o réu fez uso da máquina pública e de recursos públicos, mobilizando agentes e estruturas do Estado para disseminar dúvidas e deslegitimar o sistema eleitoral”, detalha o parecer.

Portanto, segundo a Procuradoria, “essa orquestração, com o peso e a autoridade da estrutura pública por trás dela, representa uma ameaça institucional, e não uma simples crítica”.

Para exemplificar o uso de recursos públicos com fins ilícitos, a PGR citou uma live de 2021 no Palácio do Planalto, com a participação de agentes públicos.

Também mencionou as investigações sobre a chamada “Abin Paralela” — nome usado para se referir ao uso ilícito da Abin para fins políticos.

🔎A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) é um órgão da Presidência da República, responsável por planejar, executar, coordenar, supervisionar e controlar as atividades de inteligência do país, com o objetivo de fornecer informações estratégicas para o Estado.

Além disso, a PGR apontou que Bolsonaro usava ferramentas públicas para dar uma “aparência de tecnicidade” ao “discurso fantasioso”.

“Tratou de ataque hacker, código-fonte, vulnerabilidade das urnas, voto auditável, enfim, uma infinidade de expressões que se presumem técnicas e autênticas, mas sempre colocadas fora de contexto, com o intuito de induzir o público a erro e forçar a desconfiança popular sobre o sistema eleitoral”, diz o texto.

Ato no 7 de Setembro de 2021

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oi exatamente isso que o tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens de Bolsonaro,

A PGR também relembrou discursos de Bolsonaro no feriado de 7 de Setembro de 2021, em Brasília e São Paulo, em que foram feitos ataques às urnas e a autoridades. Para a PGR, esse comportamento não pode ser confundido com um “arroubo isolado”.

A Procuradoria disse ainda que críticas legítimas pressupõem diálogo, responsabilidade, e não se confundem com ameaças e insultos.

“As manifestações públicas do Presidente da República transcendem o campo da opinião pessoal. Dotadas de peso institucional e capacidade de mobilização coletiva, suas falas operam como atos políticos que, quando desprovidas de base factual, se convertem em instrumentos de desestabilização democrática”, afirmou Gonet.

Para o chefe do Ministério Público Federal, as declarações do então presidente, entre julho e setembro de 2021, ultrapassam os limites do debate democrático.

“Não eram discordâncias políticas, mas inverdades, intimidações e ultimatos, voltados a corroer a credibilidade das instituições republicanas”, avaliou Gonet.

Bolsonaro foi eleito 6 vezes pelo sistema eletrônico

O procurador-geral da República destacou ainda que o ex-presidente se elegeu seis vezes pelo sistema eletrônico de votação. Cinco delas para mandatos na Câmara e uma para a Presidência da República em 2018.

Mesmo assim, agiu para descredibilizar o processo eleitoral brasileiro de forma sistemática.

“Após cumprir sete mandatos consecutivos como deputado Federal, valendo-se do sistema eletrônico de votação, Jair Messias Bolsonaro foi eleito Presidente da República em outubro de 2018, obtendo 55,13% dos votos válidos no segundo turno. Em 1º.1.2019, assumiu o cargo mais elevado da República, recebendo a faixa presidencial das mãos de seu antecessor, Michel Temer”, afirmou Gonet.

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Ango Silva, nascido no brasil em 1978, é um jornalista com uma carreira consolidada, marcada pela profundidade na cobertura de temas políticos e econômicos. Sua trajetória profissional teve início em 1999 na Rádio JB FM, onde atuou até 2010. Ao longo de sua carreira, Ango Silva destacou-se como correspondente internacional, cobrindo eventos de grande relevância,Sua dedicação e excelência foram reconhecidas com o Prêmio Maboque de Jornalismo, concedido duas vezes, e uma menção honrosa no Prêmio Kianda, na categoria de jornalismo econômico. Com uma formação que inclui um curso intensivo de jornalismo na Solidarity School of the Union of German Journalists em Berlim (1994), um estágio profissional na Deutch Welle em Colônia (1990) e cursos de técnicas jornalísticas com o BBC Training Center em Londres,