Banco do Brasil cai para a 5ª posição no ranking de lucros dos maiores bancos
Agência do Banco do Brasil (Crédito: REUTERS/Leonardo Benassato)
Depois de um ano de alta performance e recordes históricos, os cinco maiores bancos brasileiros de capital aberto pisaram no freio no segundo trimestre de 2025. O lucro consolidado do setor somou R$ 27,98 bilhões, queda de 5,61% em relação ao mesmo período de 2024 e retração de 8,12% na comparação com o trimestre imediatamente anterior. O levantamento é da consultoria Elos Ayta.
O recuo interrompe a sequência de crescimento que havia começado no quarto trimestre de 2023 e culminado no recorde histórico de R$ 31,13 bilhões no fim de 2024. Desde então, o gráfico de lucros virou para baixo, são dois trimestres consecutivos de queda, movimento que já havia ocorrido em outras janelas recentes (2S21, 2S22 e 2S23), mas que agora se destaca por partir de um pico histórico e ser amplificado pela forte retração do Banco do Brasil.
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O fator Banco do Brasil
O grande responsável pela freada do consolidado foi o Banco do Brasil, que viu seu lucro despencar para R$ 3,03 bilhões no trimestre, uma queda de 66,1% em relação ao mesmo período de 2024 e de 55,18% frente ao 1T25.
A comparação histórica é ainda mais dura: no 2T24, o BB havia registrado o maior lucro de sua história (R$ 8,97 bilhões) e o oitavo maior entre todos os bancos listados na B3. Era, naquele momento, o segundo maior lucro individual do setor, atrás apenas do Itaú Unibanco. Um ano depois, o banco caiu para a última posição entre os cinco maiores, perdendo destaque no pódio dos gigantes. Trata-se do pior resultado desde o 1T18, quando lucrou R$ 2,74 bilhões.
O desempenho banco a banco
- Itaú Unibanco – Mantém sua liderança folgada. Lucrou R$ 11,28 bilhões (Maior lucro trimestral da história dos bancos listados na B3), alta de 14% sobre 2024 e equivalente a mais de 40% de todo o lucro consolidado do setor.
- Bradesco – Depois de anos de resultados pressionados, o banco mostrou recuperação robusta, com alta de 28,6% e lucro de R$ 6,07 bilhões, seu melhor segundo trimestre desde 2021.
- BTG Pactual – O campeão em crescimento percentual, disparando 42% para R$ 4,01 bilhões. O banco de investimentos consolidou-se como terceiro colocado no ranking de lucros do setor.
- Santander Brasil – Cresceu 10,7%, chegando a R$ 3,59 bilhões, e mantém estabilidade em um patamar intermediário dentro do grupo.
- Banco do Brasil – O ponto fora da curva negativa do trimestre, com queda histórica que derrubou o lucro consolidado do setor.
Uma fotografia contrastante
O levantamento, que adota o padrão contábil BR GAAP e considera valores nominais (sem ajuste pela inflação), deixa claro que a fotografia do trimestre é um mosaico de contrastes: bancos privados seguem entregando crescimento consistente, enquanto o Banco do Brasil enfrenta uma reversão brusca, que não só redefiniu sua posição no ranking como também impôs uma freada brusca no resultado consolidado do setor.
O Banco do Brasil deve mostrar um resultado “mais estressado” no terceiro trimestre ainda em razão de operações na carteira de crédito do agronegócio, com melhora apenas no final do ano, afirmou a presidente-executiva do BB, Tarciana Medeiros.
“Acredito que nós ainda teremos, sim, o resultado mais estressado”, afirmou Medeiros em videoconferência sobre balanço do segundo trimestre divulgado na véspera, que veio bastante pressionado pelo agravamento da inadimplência no agronegócio.
Ela ressaltou, porém, que uma melhora deve vir a partir do quarto trimestre, apoiada pelo crescimento da margem financeira bruta do BB.
A executiva também afirmou que a previsão de lucro para o ano entre R$21 bilhões e R$25 bilhões, divulgada na véspera, é um resultado que está aquém da expectativa do BB e do esperado pelo mercado.
“A gente sabe disso, mas é um resultado responsável. É um resultado que mantém o balanço do banco robusto… que adiante a gente retome o crescimento de rentabilidade nos patamares vistos em anos anteriores”, afirmou.
No segundo trimestre, o retorno sobre patrimônio líquido (ROE) do BB desabou para 8,4%, de 16,7% nos primeiros meses do ano e 21,6% um ano antes.
Perto das 11h45, a ação do BB subia 0,86%, quanto o Ibovespa recuava 0,14%.
O BB agora estima um lucro líquido ajustado entre R$ 21 bilhões e R$ 25 bilhões em 2025.
Veja a evolução do lucro do BB
Período | Lucro liquido Contábil (em R$ Milhões) |
1T2018 | R$ 2.749 |
2T2018 | R$ 3.135 |
3T2018 | R$ 3.175 |
4T2018 | R$ 3.803 |
1T2019 | R$ 4.005 |
2T2019 | R$ 4.207 |
3T2019 | R$ 4.256 |
4T2019 | R$ 5.694 |
1T2020 | R$ 3.205 |
2T2020 | R$ 3.209 |
3T2020 | R$ 3.085 |
4T2020 | R$ 3.199 |
1T2021 | R$ 4.226 |
2T2021 | R$ 5.524 |
3T2021 | R$ 4.609 |
4T2021 | R$ 5.352 |
1T2022 | R$ 6.660 |
2T2022 | R$ 7.625 |
3T2022 | R$ 8.099 |
4T2022 | R$ 8.627 |
1T2023 | R$ 8.207 |
2T2023 | R$ 8.354 |
3T2023 | R$ 8.396 |
4T2023 | R$ 8.862 |
1T2024 | R$ 8.782 |
2T2024 | R$ 8.965 |
3T2024 | R$ 8.920 |
4T2024 | R$ 8.773 |
1T2025 | R$ 6.772 |
2T2025 | R$ 3.035 |
Fonte: Elos Ayta
Rentabilidade abaixo da concorrência
O retorno sobre patrimônio líquido (ROE) no segundo trimestre desabou a 8,4%, de 16,7% nos primeiros meses do ano e 21,6% um ano antes. Para efeito de comparação, Itaú Unibanco teve ROE de 23,3%, enquanto Santander Brasil registrou 16,4% e Bradesco marcou 14,6%.
A rentabilidade do BB tem sido pressionada em 2025 pelo agronegócio e pelo aumento da inadimplência.
No segundo trimestre, o custo do crédito, formado pelas despesas de perda esperada somada aos descontos concedidos e deduzidas das receitas com recuperação de crédito, alcançou R$ 15,9 bilhões, de R$10,15 bilhões nos primeiros três meses do ano e de R$7,8 bilhões um ano antes.
Para o ano, o banco calcula o custo na faixa de R$ 53 bilhões a R$ 56 bilhões.
De acordo com o banco, a linha foi influenciada, principalmente, pela continuidade da dinâmica agravada da carteira de agronegócios, cuja inadimplência alcançou 3,49%, de 3,04% três meses antes e 1,32% em junho de 2024.
A carteira de crédito encolheu 0,3% na base trimestral, a R$404,9 bilhões. Ano a ano, subiu 8%.
“Apesar do cenário positivo para a safra no Brasil em 2025, com uma colheita recorde, e do elevado percentual de garantias nessa carteira, há um estoque de operações que não foram pagos na safra 2024/2025, inclusive, por conta das recuperações judiciais no setor – que exigem maior provisionamento sob a nova regulação”, afirmou o BB.
A inadimplência acima de 90 dias da carteira de crédito como um todo atingiu 4,21%, de 3,86% no trimestre anterior e 3% um ano antes. Na pessoa física, esse percentual subiu de 5,10% para 5,59% entre março e junho deste ano, enquanto na pessoa jurídica passou de 4,06% para 4,18%.
As despesas com provisões para os chamados créditos de liquidação duvidosa somaram R$ 15,9 bilhões no segundo trimestre, com alta de 105% em relação a junho de 2024.
“O ano de 2025 é de ajuste para aceleração do crescimento”, afirmou a presidente do BB, Tarciana Medeiros, em nota à imprensa após a divulgação do balanço do segundo trimestre.
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